UM SALTO NA ESCURIDÃO

Página de divulgação do primeiro livro do escritor Henry Evaristo

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Agradeço imensamente à todos os amigos, proprietários de dezenas de blogs, que estão me auxiliando na divulgação de meu livro. É através de vocês que meu trabalho vai avançando e se tornando conhecido.

Não citarei os nomes específicos por que posso cometer o erro de esquecer algum.


Muito obrigado!
segunda-feira, 21 de setembro de 2009

HENRY EVARISTO PUBLICA "UM SALTO NA ESCURIDÃO"


Meu primeiro livro publicado já está disponível para vendas!

Uma publicação da editora CLUBE DE AUTORES

Siga o link para maiores informações!

http://clubedeautores.com.br/book/4956--UM_SALTO_NA_ESCURIDAO






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Essa semana o escritor Paulo Soriano, do site CONTOS GROTESCOS, entrevistou esse autor que vos fala a respeito de meu livro recém-publicado. Uma oportunidade maravilhosa de falar sobre meu trabalho e de estar em destaque no maior site de literatura fantástica da internet em língua portuguesa. Só tenho a agradecer ao amigo barão e a todos os leitores e escritores que têm manifestado seu apoio nesta nova fase em que estou entrando na minha carreira de escritor.



ENTREVISTA COM HENRY EVARISTO, AUTOR DE "UM SALTO NA ESCURIDÃO


Henry Evaristo é, sem dúvidas, um dos mais respeitados escritores da moderna literatura fantástica no país. Após vários anos divulgando suas obras em diversos sítios na internet, Henry Evaristo parte para a publicação de um antologia de contos em papel. Muito gentilmente, o autor concedeu esta entrevista aos Contos Grotescos.

CG – Henry, após uma longa espera, o público brasileiro, que conhece o seu trabalho pela internet, finalmente vai poder ler as suas narrativas em papel. O que o público encontrará em “Um salto na escuridão”?

Primeiro de tudo, agradeço imensamente essa oportunidade oferecida pelo “Contos Grotescos” de expor um pouco das minhas idéias e, principalmente, divulgar meu livro para os milhares de leitores deste site que é, seguramente, o mais importante para a literatura fantástica na América Latina.

É tão difícil falar da própria obra. Parece que ficamos meio desorientados, sem saber direito pra onde olhar, para qual parte dirigir a atenção especificamente. Mas creio que quem adquirir o livro encontrará nele o resultado de décadas de absorção de influências que vêm da televisão, da literatura em quadrinhos, dos romances e dos contos, tanto os da dita cultura pop quanto os que são tidos como clássicos. Encontrará tramas sombrias, que, com certeza, incorporam elementos de terror; de um medo irracional diante do desconhecido. Encontrará situações em que o terror emana violentamente de criaturas de um mundo sobrenatural pavoroso, mas verossímil.

Se não encontrar nada disso, pelo menos terá a certeza de que adquiriu a obra de um escritor esforçado para conseguir dar vida a este mundo proposto acima.

CG – Algum critério especial na escolha dos contos que integram a antologia?

Apesar de o volume conter alguns contos mais recentes, o que predomina mesmo são os contos com os quais iniciei minha carreira como escritor virtual. Eram contos que constavam em minha escrivaninha em um famoso site de literatura do qual já não mais faço parte e que agora encontram neste livro o único lugar onde estão disponíveis. Tentei incluir algum material inédito, mas, infelizmente, por questões de força maior, desta vez não foi possível.

CG – Como adquirir a obra?

No momento, as vendas estão limitadas ao site CLUBE DE ESCRITORES. Mas é possível que em breve ele possa ser adquirido por outras vias que serão divulgadas em meus blogs e em todos os canais da internet aos quais tenho acesso.

O link para adquirir o livro é:

http://clubedeautores.com.br/book/4956--UM_SALTO_NA_ESCURIDAO

CG – Todo bom escritor tem características marcantes, bem delineadas, que singularizam a sua obra. Estaríamos corretos em dizer que a indução a um medo cruciante é a marca indelével de Henry Evaristo?

Bem, não sei se eu mesmo teria condições de avaliar quais os pontos mais marcante do meu trabalho. Mas, sim, com certeza o fator medo é primordial. Eu sempre escrevo buscando esse medo quando estou trabalhando com um texto de terror. Creio que a literatura de terror tem essencialmente que assustar, impressionar, o leitor. Mas não creio que meus contos apresentem simplesmente o medo pelo medo, sem mais nem menos. Eu busco fazer com que o leitor sinta receio deste mundo e das coisas que podem andar a solta por ele, na calada da noite e que podem, eventualmente, habitá-lo. Neste sentido pode-se dizer que meus monstros e abominações representam um lado degradado deste mundo. Me agrada saber que as pessoas lêem um conto meu e depois ficam com a idéia na cabeça; que perscrutam o ambiente em busca de ameaças potenciais vindas, quiçá, de outro mundo. Quero que o leitor se pegue, após ler meu texto, imaginando se não pode haver alguma coisa hedionda se escondendo atrás da cortina, embaixo da escada, no fundo do porão, ou lá fora na escuridão da noite, mesmo diante da força de suas convicções racionais.

CG – Não é fácil dedicar-se a um segmento da literatura como o horror e a fantasia. Geralmente, a crítica considera o fantástico, especialmente o horror, subliteratura. É tempo de enfrentar este tipo de preconceito?

Com certeza. E tenho a impressão de que alguma coisa está mudando no panorama da literatura fantástica brasileira. Não sei se essas mudanças nos levarão a cair no gosto dos acadêmicos de plantão mas, com certeza, estão nos aproximando do público e isso é o que, de fato, importa no final das contas. Infelizmente muita coisa que aí está, disponível principalmente na internet, é de péssima qualidade. Isso depõe contra o restante que apresenta um material diferente, mas, ainda assim, atualmente encontramos muito mais espaço para mostrar o que sabemos fazer e muito mais gente procurando esse material.

A questão do preconceito com relação á literatura fantástica é algo que descende dos primórdios. Ora, Sir Horace Walpole já foi, ele mesmo, censurado por escrever sobre fantasmas e outras forças sobrenaturais. Penso que isso foi, desde sempre, um reflexo da sociedade moderna e, ao que parece, repercutindo ainda no pós-modernismo, contra o goticismo da proposta fantástica. A própria literatura gótica faz parte do movimento de retomada da estética medieval ocorrida na segunda metade do século XVIII. Naquela época, tanto era moda relembrar o padrão medievo quanto rechaçá-lo veementemente. Ora, se o gosto pela estética emanava do povo, repercutia e reverberava como um grito de alerta nas academias; um alerta anti-revisionista que rebatia de volta contra tudo o que poderia se encaixar nesse padrão e se afastar da iluminação dos novos tempos. É de fato uma questão complexa.

Mas, com certeza os bons representantes da literatura fantástica de nossos tempos aqui no Brasil estão conseguindo lutar contra tudo isso, galgando degraus importantes através dos quais conseguem mostrar que o gênero é muito mais do que se pensa e se espera. Temos atualmente exemplos de escritores excelentes que apresentam trabalhos de altíssima qualidade tanto criativamente quando ao nível de recursos literários dentro da literatura de terror. Escritores que possuem ainda mais qualidade literária do que muitos dos autores contemporâneos já consagrados na mídia. A união desses artistas tem quebrado barreiras e paradigmas dentro do universo fantástico.

CG - Henry, agradecemos a entrevista, ao passo em que o deixamos à vontade para deixar o seu recado aos leitores dos Contos Grotescos.

Bem, comprem meu livro! Façam com que ele se torne conhecido. Me ajudem a dar continuidade ao meu trabalho também fora da internet.

Este livro é parte inicial da realização de um sonho e só com o apoio do público é que poderei ir em frente e crescer em direção a conquistas ainda maiores.

Ao mesmo tempo, o incentivo a este trabalho, assim como a outros desta nossa nova geração, é mais um elemento de luta para a valorização da literatura fantástica nacional e interessa a todos, tanto escritores como leitores.

Deixo aqui minhas coordenadas na rede mundial:

Para adquirir o livro UM SALTO NA ESCURIDÃO:

http://clubedeautores.com.br/book/4956--UM_SALTO_NA_ESCURIDAO

E-MAIL e MSN:

voxmundi80@yahoo.com.br

BLOG:

www.camaradostormentos.blogspot.com

OKUT:

http://www.orkut.com.br/Main#Home.aspx?hl=pt-BR&tab=w0

Abraços a todos!

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

ERASMO E A BESTA

Leia um dos contos que estão presentes no meu livro!






Erasmo fechou o pesado livro de capas vermelhas emboloradas às três da manhã. O tom amarelado das antigas folhas da obra obscura ainda insistia em dançar por trás de seus olhos quando ergueu a cabeça depois de ficar muito tempo refletindo sobre o saber ancestral e oculto com o qual havia acabado de ter contato.

O ar estava abafado na velha biblioteca. Era uma noite de verão, quente e estagnada, onde a umidade sufocante parecia querer estourar os pulmões dos habitantes da velha cidade e das turbas de forasteiros andarilhos que ela insistentemente atraía; e que vagavam como hordas pelas esquinas dos bairros mal iluminados, vindos de lugares ignorados; quiçá exóticos quiçá sórdidos.

Uma tênue luminosidade se filtrava pelos vitrais das janelas altas e gradeadas banhando o ambiente com um tom azul violáceo com se ali fosse o lugar de um fantástico aportar de estranhos mundos oníricos que se desprendessem do subconsciente em meio à mixórdia do universo da vigília. A pequena lâmpada fluorescente do teto não era páreo para as sombras dos cantos escuros que queriam se propagar para todos os lugares.

Erasmo, os olhos ardendo devido à leitura forçada sob tão adversas condições de iluminação, recostou-se na poltrona de veludo e passou a mão esquerda na chave da porta principal lembrando-se do que dissera, mais cedo, o segurança do estabelecimento, seu vizinho Baaurus. As advertências sobre não abrir a porta para ninguém, por mais que implorasse, e de que não ficasse andando por ai sozinho para não correr risco de se perder, faziam agora um sentido que, às seis da tarde não haviam feito. O ambiente sombrio, mas aconchegante, que encontrara ao chegar na imensa biblioteca parecia ter transmutado para algo a ser temido durante o tempo em que esteve compenetrado em sua leitura. Uma opressão no ar parecia insistir em gritar que a anormalidade pairava por ali. "Depois feche tudo com atenção!" Repetira mais cedo o vizinho vigilante. "Se não perco o emprego e você vai se ver comigo!".

Perdido em pensamentos desordenados e misturados, Erasmo viu claramente quando de uma das prateleiras de livros mais próximas, cuja parte posterior estava mergulhada nas sombras espessas da biblioteca, vários volumes foram atirados ao chão com extrema violência. O ruído, espalhando-se e reverberando pelas paredes do recinto vazio, era como uma algazarra medonha de coisas indizíveis a lutar entre si.

De um salto ele se ergueu a fitar a direção do ocorrido com olhos arregalados. No entanto ficou parado, inerte, em silêncio. O coração dava pontadas finas em seu peito e o ar começava a querer lhe faltar. A asma de repente o ameaçava de novo, depois de tantos anos de trégua.

Do escuro, por trás das prateleiras com milhares de volumes, como a responder às indagações silenciosas de Erasmo, veio uma série de terríveis ruídos semelhantes ao trote lento e circular de algum animal eqüino que se esforçasse para não cair na superfície do piso encerado e escorregadio. Depois, mais volumes foram atirados de prateleiras distantes como se alguma coisa grande esbarrasse nelas aos encontrões.

Parado, imóvel, Erasmo tinha os cabelos em pé. Suas mãos suadas, que antes descansavam sobre a superfície vermelha e carcomida do livro ancestral que estivera lendo, agora evitavam a todo custo ter qualquer outro contato com o volume estranho e obscuro cujo nome do autor fora extirpado de seus devidos lugares; lugares onde restavam apenas manchas escuras de um borrão feio cuja visão prolongada causava asco e torpor inexplicáveis.

Num ímpeto, o curioso voltou-se para a porta de saída apalpando de novo as chaves e certificando-se de agarrar logo a que servia especificamente para a fechadura que tão ansiosamente queria abrir. Antes, porém, superando a duras penas o terrível mal-estar que sentia, apropriou-se do estranho livro para levá-lo consigo.

Ao dar o primeiro passo, no entanto, imediatamente algo de enorme massa corporal postou-se às suas costas.

Erasmo parou no meio da biblioteca azulada decidido a não se virar por nada que ouvisse ou sentisse subsequentemente. Primeiro veio uma lufada de vento quente em seu pescoço e seus cabelos se tornaram úmidos com algum líquido espesso que brotava da escuridão. Algo de indescritível sensação pegajosa e fétida encharcou suas roupas.

Não ouviu palavras articuladas em seu idioma, mas sentiu quando o calor de uma nefanda proximidade orgânica se abateu sobre sua nuca e ouvido. Parecia sussurrar palavras em alguma língua profana e imunda que misturava fonemas com cusparadas e onomatopéias. Não queria aceitar o fato de que aquilo que achava se tratar de uma espécie sem sentido de ruído anasalado que ouvia em meio à miscelânea de sons que provinham de suas costas, fosse, na verdade, o balir de algum animal caprino.

De repente tudo parou. Os sons, o mal-cheiro, o calor em seu pescoço, tudo desapareceu e a biblioteca mergulhou novamente em extrema calma e solidão. Erasmo ofegava na penumbra violácea do recinto e lagrimas lhe escorriam dos olhos. Seus músculos retesados não conseguiam se mover.

A porta principal estava a poucos metros a sua frente, mas chegar lá parecia tarefa impossível. Lentamente deu alguns passos tímidos para frente e, ao tentar agarrar a chave no bolso, deixou cair o livro que segurava com tanto pavor. O compêndio foi estatelar-se no chão onde inexplicavelmente rolou como se atirado com extrema força indo restar, de páginas abertas, perto da tão almejada porta de saída. Num último esforço, Erasmo correu em sua direção e, neste momento, ouviu de novo a movimentação sobrenatural às suas costas.

Algo avançava através do salão chocando um trotar de patas cascudas contra o soalho encerado de madeiras nobres.

"Maldito!", Pensou Erasmo agarrando a chave com toda sua força e desesperadamente inserindo-a na fechadura. A imensa porta cedeu com facilidade e o ar externo entrou levando luz ao salão escuro.

A coisa vinha das trevas correndo e relinchando como um cavalo; berrando e cabeceando como um carneiro negro gigantesco; escorregando e caindo no chão liso. Assim Erasmo a viu antes de chutar o livro para o lado de fora onde foi parar próximo ao meio fio. Depois bateu a porta com estrépito, trancou-a rapidamente, e se afastou, andando de costas, para o meio da rua deserta.

Tudo ficou quieto outra vez. Ao longe um táxi dobrou a esquina e veio em direção ao homem parado no meio do caminho. Erasmo fez sinal para que ele se aproximasse e parasse.

Ao embarcar foi interpelado pelo motorista que apontava o lado de fora. "Seu livro senhor!". "Ahn?", disse o passageiro com os olhos fitos na fechadura da porta da biblioteca. "Aquele livro é seu?", indagou novamente o pequeno homem ao volante. "Veja aquilo!", foi o que obteve como resposta.

Erasmo apontava para a imensa porta de ébano do prédio de onde acabara de sair. O motorista olhou para a mesma direção e viu a madeira cedendo sob golpes furiosos desferidos pelo lado de dentro. "Senhor?", disse atônito. "O que é isso?".

"Não sei", respondeu o jovem com franqueza; muito embora sua inocência já estivesse comprometida pelos segredos pervertidos que desvendara nas passagens que lera do terrível volume e sendo suas suspeitas meros subterfúgios para tentar obscurecer a verdade incontestável.

"Está tentando sair". Disse, em fim, depois de respirar fundo. "Quer ficar solta no mundo! Vamos embora, vamos!" Gritou.

O motorista, diante da ordem imperiosa daquele estranho passageiro exacerbado, acelerou o mais que pôde se dando por satisfeito em sair de perto daquele lugar.

***

O estranho livro ficou jogado no meio-fio até a chegada do segurança Baaurus às cinco da manhã como havia ficado acertado com seu amigo na noite anterior. O velho guarda aproveitara a presença do outro (fazendo as vezes de vigia em seu lugar) para ir visitar as casas de facilidades de um decrépito bairro próximo. Encontrou o volume aberto e humedecido pela garoa da noite e nenhum sinal de seu amigo com quem ficou decidido a ter uma conversinha de reprimenda por ter falhado tão miseravelmente na sua parte do acordo que era cuidar bem do recinto em troca de poder ficar a vontade para ler o que quisesse. Agora justamente aquele volume raríssimo se encontrava com a integridade posta em risco pelas mãos de um irresponsável.

Ele estava aberto em duas páginas com ilustrações que logo chamaram a atenção do guarda boêmio. Eram imagens de um antigo deus cultuado pelos templários em Jerusalem na idade média. Mas o guarda de nada disso entendia assim como também não sabia latim a exemplo de seu negligente e culto amigo. Se soubesse poderia ter lido o que ele não teve tempo de ler:

"Do Caos ele vem, arrastando consigo a perdição do verbo; da ação de Deus. Ele próprio é Deus e de seu reino brotam os negrumes nos corações dos homens. Seu nome é Deus-barbudo, sua vontade é imperiosa e fará sua residência a alma humana. Olhai este compêndio, ó filhos do homem, pois ele é o portal para o Nosso Senhor dos Abismos, o Pastor dos Rebanhos de Chacais da Mesopotâmia. Ó, Sagrado Behemot, que chafurda nas águas malignas no Nilo! Cadela dos grotões das matas, Diabo dos poços sem fundo!"


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Agradecimentos especiais à escritora Tânia Souza pela indicação do layout deste blog.

http://www.descaminhossombrios.blogspot.com/